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Despertar em MekHanTropia

from Pesadelo: (Volume 2) Incubus by Fredé CF

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PRÓLOGO

Antes da dominação algorítmica, antes do vírus assolar e nos roubar os afetos, antes do início do fim daquilo que conhecíamos como “realidade”, antes da MekHanTropia institucionalizada, houve um período de transição...ou melhor, de destruição geral, genocida, ecocida, necropolítica. Esse período foi chamado de “Amanhecer”.

Em meio as covas, telas, velas, fluxos, lixo, fome, devastação e egoísmo houve lutas pelos sonhos, afetos e subjetividades, mas não foi suficiente. Amanheceu da pior forma possível e a MekHanTropia se estabeleceu. As luzes das telas mekhantrópicas entraram e esconderam todas as sombras pessoais e sociais, negando as subjetividades e o que ainda restava de humanidade.

A opressão vigilante do sistema venceu ao conseguir dominar as atividades do “pensar” e do “sonhar”, exaltando as bolhas concordância e instituindo a hipercultura psicobinária de MekHanTropia. Já não se ensina mais a sonhar, pensar ou sentir por si mesmo, apenas pelo mercado. O que era distinto, diverso, diferente, se tornou igual, refletido no espelho do ego, padronizado.

Como efeito colateral, todo o planeta foi dominado pelas trevas ressentidas que se disfarçam de luz e perpetuam-se pelas telas. Trevas que insistem em negar as sombras que a constituem em essência. Sombras que não se contêm e se expandem a cada instante pelos sonhos controlados em MekHanTropia. Um dia elas entrarão em erupção das piores formas possíveis por não serem tratadas com pertencimento e atenção, mas ignoradas e combatidas sem qualquer tipo de perdão.

As lembranças e os sentidos humanos se tornaram completamente manipuláveis e vazios. A vida se tornou uma grande prateleira de produtos simulados pela dissimulação. Produtos são transformados em fetiche pelo sistema. A felicidade se concentra sobre a ideia de “ter sempre mais”. Algo essencial muito profundo então morreu na humanidade.

Pelos sonhos, o sistema acessa e lucra sobre os desejos mais profundos de cada um e, assim, imputa suas narrativas mekhantrópicas. O controle psicobinário é instituído alterando o pensamento dos agora bovíduos mekhantropomorfizados. O malware h6n66 recodificou as relações planetárias e alterou a composição daquilo que se chamava de “humano”, criando uma horda demoníaca de zumbis tecnocratas milicianos acríticos que instituem pesadelos. Essa horda foi batizada como “HumanCron” – em homenagem as variantes virais que foram catalogadas na época do “Amanhecer” –, e são lideradas pelo déspota necropolítico conhecido como “O Messias Genocida”. A horda criou um Cão Breu Pós-Humano e o utiliza para gerar pesadelos algorítmicos em quem tenta “despertar”. “Succubus” e “Incubus” são os demônios nobres de alta patente dessa horda. Eles sugam a energia vital e prendem os resistentes em seus pesadelos mekhantrópicos.

Há como reverter esse processo? Não se sabe. Há mensagens fragmentadas por aí espalhadas que indicam que sim. Essas mensagens trazem resquícios de carbono e silício que foram encontradas em falhas do lado de dentro do sistema, criptografadas em alguma lógica de espaço e tempo diferente, como mekHanTotens transZinários insurgentes.

Diz a lenda que essas mensagens foram colocadas ali por “Ayla”, líder da resistência anti-mekhantrópica que desapareceu durante o “Amanhecer” e nunca mais foi encontrada. Há quem diga que ela descobriu, na base de um arco-íris, o caminho de acesso à uma dimensão transbinária sombria denominada como “Caos” e, desde então, tenta se comunicar por imagens e sons. Há casos de extensões mekhantrópicas brotando em pessoas que simplesmente mencionaram o nome dela.

Ayla resiste e reexiste caindo sem parar no poço sem fundo de “Caos” há tempos. Relatos afirmam, com convicção, que ela deriva no vazio do núcleo das sombras mekhantrópicas negadas e que lá há seres fantásticos que a auxiliam na tentativa de construir pontes transmutacionais.

O último relato que se tem notícia na deep web anti-mekhantrópica é sobre o usuário chamado “Valdez”, que foi cancelado e está aprisionado em pesadelos por supostamente tentar se despertar dos padrões. Boatos afirmam que encontraram uma carta que indicava o auxílio de Ayla nesse processo. O fato é que Valdez (agora conhecido como 8º passageiro pós-mekhantrópico) se tornou um espectro, preso em looping nas luzes psicobinárias das telas mekHanTrópicas.
É muito difícil despertar com consciência em MekHanTropia, pois nunca se sabe, de fato, as nuances que separam o que é “real” do que não é, ou seja, o que vem de si mesmo e o que vem de fora, instituído pelo sistema. Esse simulacro se torna uma armadilha mortal utilizada como meio de cooptação.

Há um mapa mágicko que os antigos chamavam de “Cani Buiu Oracle” e diz respeito à lenda do Cão Breu, um ser que pode libertar os bovíduos do Inferno do Igual de MekHanTropia e abrir portais de acesso à dimensão sombria da subjetividade pelo autoconhecimento.

A lenda tematiza sobre o encontro súbito com um ser fantástico em forma de um cão negro de olhos flamejantes que instiga um olhar às sombras de quem o fita: O Cão Breu, Lobo Ancestral, Canidae, Baphomet, Black Dog, Inner Beast, Canubis, entre outras denominações.

Talvez, ao atentar-se aos vestígios deixados pelas mensagens oníricas fragmentadas de Ayla e mergulhar no essencial, possa-se desvendar, por entre os códigos binários de MekHanTropia, o mapa de acesso à essa dimensão alternativa.

Tente encontrar Valdez e, sobretudo, encontrar você mesmo(a). Porém, é preciso muito cuidado e atenção. Há criaturas inconscientes, mekhantrópicas ou não, que povoam os sonhos e se deslocam pelos fragmentos oníricos tentando confundir e sugar a vontade de potência de quem se arrisca nessas aventuras transbinárias.

Lembre-se do que diz aquele velho ditado: “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”

lyrics

(E C)
Hoje eu acordei
De sonhos intranquilos
Agora eu sei
Que não havia gritos
Mas gemidos
Que me silenciavam
Gemidos
Que me apavoravam
Hoje eu acordei
Sem muito o que dizer
Nem te chamei
Não quero te ver sofrer
Nesses vícios
Já me habituei
Vícios
Ainda não larguei
Hoje eu acordei
Pensando em me divertir
Pois já nem sei
Por quanto irei sorrir
Nessa vida
Que pode se acabar
Vida
Quero te experimentar
Hoje eu acordei
E enfim me sinto vivo
Tudo que chorei
Me diz que eu existo
Agora
Já me recuperei
Agora
Juro que tentei
Hoje eu acordei
E quando abri os olhos
Eu me liguei
Que havia outros sonhos
A me olhar
Só via pesadelo
Olhar
Pro sol me dava medo
Hoje eu acordei…

credits

from Pesadelo: (Volume 2) Incubus, released September 6, 2022
Fredé CF: vozes, violões, baixo, percussão, samplers, sintetizadores, gritos, ruídos, gemidos, edições, mixagens, capturas, apropriações.

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Fredé CF Brazil

MekHanTropia é um universo artístico transmídia experimental DIY de autotransformação do artista multimídia, doutor em Arte e Cultura Visual (UFG), prof. de fotografia, artes e audiovisual, baixista das bandas Cicuta e Cão Breu, Fredé CF (Frederico Carvalho Felipe).

Dark-folk-eletro-punk-psicodelico de trincheira.

Site: mealuganao.blogspot.com

Vídeos: www.youtube.com/user/fredcfelipe
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