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Pesadelo: (Volume 2) Incubus

by Fredé CF

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1.
Sangue derramado pelas mãos bolsonaristas Sangue de milhares correm nas mãos bolsonaristas
2.
Pisadeira 02:09
Sonhei amor Que já não havia vida Que essa pátria mãe toda fodida Era lixo e destruição Sonhei amor Que a paz tinha perdido a guerra Que a morte nem sempre te espera Vivíamos na solidão Sonhei amor Te perdia na segunda aurora Não podia mais contar as horas Não tocavam mais nossa canção Sonhei amor Que entravam em meu apartamento Me apagavam todo o pensamento Me batiam jogado no chão Acorda amor Por ironia ou por brincadeira Eu morri nessa sexta-feira Será que tranquei bem o portão?
3.
(E E7 E Am) Queria saber A vida parece não ter valor Queria poder Deixar de sentir tanto ódio e rancor (G F E E7) Será que tudo pode ser pior? Sufocado pelo seu olhar [“Gostarias de ser compreendido? Era só o que faltava! Compreende a ti mesmo e então está suficientemente compreendido.” (C.G. Jung)] (E E7 E Am) Quem sabe um dia A vela apaga, não há mais luz Me angustia Preso na tela que me seduz (G F E E7) Não sei se posso mais sonhar Não tenho forças mais pra lutar Minha alma deixa de penar As telas me roubam o olhar [“Filhos pequenos querem ser compreendidos. Compreende a ti mesmo! Essa é a melhor proteção contra a irritabilidade e ela saciará seu desejo infantil.” (C.G. Jung)] (E E7 E Am) Me aliena Um coração sem a quem pulsar Não crie problemas Calado ninguém vai te encontrar (G F E E7) Será que tudo vai ser pior? Sufocado pelo seu olhar Não sei se posso mais sonhar Não tenho forças mais pra lutar. [“Queres novamente transformar outras pessoas em escravos de tua cobiça? Mas sabes que eu devo viver contigo e que não vou mais tolerar em ti semelhante estado deplorável!” (C. G. Jung)]
4.
(E Am) F E E7 Todos os dias Até a morte Tentam te deixar pra baixo Se está feliz, te entristecem Cada vez mais se adoece Em casa, na escola ou trabalho Só querem os que mais produzem Enquanto isso seduzem Com sexo, bebidas e noticiários Um escravo de agrado Um escravo de agrado (uh uh) Um escravo de agrado Entupido de sonhos torpes Te vendem a sua própria sorte Esse é o contrato assinado Um escravo de agrado Um escravo de agrado Seja um exemplo, garoto Bom de serviço, tranquilo, disposto Não importa se está esgotado Um escravo de agrado Um escravo de agrado (uh uh) Um escravo de agrado Bm C Ilusões de poder F E Te vendem pra você (E Am) F E E7 O seu mais novo fracasso Seu magnífico ego inflado Renuncia todos os pecados Um escravo de agrado Um escravo de agrado Um ateu que também é crente Dogmas e verdades latentes Família, amigos, empregados Em meio às redes, vazio ao seu lado Um escravo de agrado Um escravo de agrado Bm D Reconhecer-se, de fato, F E Um escravo (E Am) F E E7 Respire e siga em frente Deixe que o tempo se assente Acene e dê bom dia Levante a cabeça, sorria Você está sendo filmado Um escravo de agrado (uh uh) Um escravo de agrado Cancelado.
5.
(Am C) Muito do que escrevo não sou eu Mas ainda assim De onde isso saiu? Quem foi que isso escreveu? O que ficou, o que não há, o que partiu? (Am C) Talvez quem me conhece bem Possa distinguir em textos meus O que está em mim e está além Longe do que de fato aconteceu (E F) Estou também ali Dialogando com outras partes do meu eu Entre os nãos e o sins Mesmo que seja o que se esqueceu (Am C) Muito do que escrevo não sou eu Mas será que ainda estou ali? Observando nas palavras erros meus O que sonhei, o que pensei, o que senti (Am C) Vivendo nesse cósmico devir Perto do abismo de onde eu vim Imaginando na luz cega do breu Tudo o que um dia eu assisti (E F) Mas não permaneceu Jogado ao fluxo se perdeu Sem início, meio ou fim Num instante desmorona todo o céu Tudo o que escrevo não sou eu Nada! (Am C) A poesia serve Pra mostrar Que nem tudo No mundo Precisa servir Pra alguma coisa Ou alguém Assim A poesia é livre Libertária Insubordinada Por isso é perigosa Ajuda a desamarrar A gente Da prisão funcional Instituída Cotidiana De ter que na vida Servir alguém Ou (pra) alguma coisa.
6.
(E C) Hoje eu acordei De sonhos intranquilos Agora eu sei Que não havia gritos Mas gemidos Que me silenciavam Gemidos Que me apavoravam Hoje eu acordei Sem muito o que dizer Nem te chamei Não quero te ver sofrer Nesses vícios Já me habituei Vícios Ainda não larguei Hoje eu acordei Pensando em me divertir Pois já nem sei Por quanto irei sorrir Nessa vida Que pode se acabar Vida Quero te experimentar Hoje eu acordei E enfim me sinto vivo Tudo que chorei Me diz que eu existo Agora Já me recuperei Agora Juro que tentei Hoje eu acordei E quando abri os olhos Eu me liguei Que havia outros sonhos A me olhar Só via pesadelo Olhar Pro sol me dava medo Hoje eu acordei…

about

Os volumes do álbum “Pesadelo” (2022) foram gravados, mixados e produzidos pelo smartphone no calor seco do cerrado brasileiro e se referem ao horror, ao inquietante, as sombras, a escuridão, tanto interna quanto externa. Tanto metafórica quanto literal. Tanto onírica quanto em vigília. Tanto pessoal quanto social.

Cada volume traz 6 faixas com temáticas, conceitos e poéticas onírico-filosóficas inseridas no universo narrativo ficcional transmídia de “MekHanTropia”. A obra conta com participações especiais diversas e inserções de cantos, filmes, ambientações e mantras incidentais.

Os títulos “Succubus” e “Incubus” são denominações atribuídas a demônios sexuais oníricos sugadores de energia, que assombram inconscientes psicobinários mekHanTrópicos, regulando as subjetividades dos indivíduos (bovíduos) deste universo.

Pelos sonhos, o sistema de MekHanTropia acessa e lucra sobre os desejos mais profundos de cada um e, assim, imputa suas narrativas mekhantrópicas. O controle psicobinário é instituído alterando o pensamento dos agora bovíduos mekhantropomorfizados. O malware h6n66 recodificou as relações planetárias e alterou a composição daquilo que se chamava de “humano”, criando uma horda demoníaca de zumbis tecnocratas milicianos acríticos que instituem pesadelos.

Essa horda foi batizada como “HumanCron” – em homenagem as variantes virais que foram catalogadas na época do “Amanhecer mekhantrópico” –, e são lideradas pelo déspota necropolítico conhecido como “O Messias Genocida”. A horda tem a incumbência de gerar pesadelos algorítmicos em quem tenta “despertar”. “Succubus” e “Incubus” são os demônios nobres de alta patente dessa horda, a serviço do Genocida. Pelos sonhos, eles sugam a energia vital e prendem os resistentes em seus pesadelos mekhantrópicos.

O álbum “Pesadelo” funciona como uma distopia imersa nas entranhas daquilo que é visível na utopia mekHanTrópica. Falo sobre o vazio PÓStumo nessa relação entre as realidades mekHanTrópicas projetadas como ilusões aos sentidos. Vazio este que se encurta cada vez mais no hiperfluxo hiperinformacional. Penso que as máquinas podem criar âncoras na gente (e geralmente é o que acontece em função do sistema da hiperprodutividade), mas também podem soltar a imaginação. O problema talvez esteja nas maneiras como as máquinas estão sendo usadas e fruídas nesse universo, gerando distúrbios materializados enquanto pesadelos aqui.

À luz de Byung-Chul Han, em sua “Filosofia do Zen Budismo” (2020), num movimento de des-apropriação de tudo que se coloca como “o que é”. Rastros in-significantes. Pinceladas de ausência. Como se o vazio fosse entendido enquanto um meio de afabilidade entre as imagens que passam umas nas outras constantemente. Imagens cada vez mais aceleradas pelas máquinas mekHanTrópicas. Um desprendimento intenso entre a ausência e a presença, entre Ser e não Ser, sem expressar nada em essência. Nada urge, nada se limita, nada se fecha, e ao mesmo tempo tudo se aconchega e se espelha no fluxo binário delirante ilusoriamente indolor. A dor é inerente e, talvez, a causa maior dos medos, egoísmos e, substancialmente, dos pesadelos. Não adianta querer que as coisas sejam imóveis e imutáveis…nem na morte elas são. Não temos esse domínio ilusório. Acha-se que temos o poder de domínio sobre o Caos…doce ilusão…é por isso que cada momento é importante, pois nunca sabemos o que acontecerá no momento a seguir.

Cada vez presta-se menos atenção aos momentos. Na possibilidade e na probabilidade de viver está presente muita dor e sofrimento (utilizados como estratégia de cooptação pela anestesia), mas também afetos, amor e alegrias presas nos instantes cada vez mais curtos e fugazes aniquilados pelo hiperfluxo e hipercompetição. Instantes mágicos que se diluem sem pausa nas telas do mundo 24/7. Mas na morte, a princípio, não há dor, então esse álbum não fala sobre a morte, mas sobre a vida, em essência.

As faixas falam sobre o autoconhecimento e o olhar voltado para dentro, para a própria escuridão, vasculhando os resquícios de elementos culturais que vem de fora e tentando se libertar de estigmas amalgamados ao espírito aniquilando a potência do ser, abraçando a escuridão e integrando-a como parte de si, desassociada do olhar e do julgamento do “outro”, algo cada vez mais complicado de ser feito nos tempos mekHanTrópicos instituídos de hipercomparação.

Verso sobre elementos que envolvem a existência, como o tempo, os espaços, os pensamentos, a vida, a morte, os sonhos, o envelhecimento, a juventude, o movimento, o caos, o ódio, a dor, o sofrimento, o amor, os afetos, entre outros aspectos. Estamos cada vez mais dispersos de afetos e cheios de polarizações. Imersos na pós-verdade instituída, cuja resposta é binária como a linguagem em “0” e “1” de computadores, aniquila-se nuances de transcendências típicas da essência social e animal do ser humano.

Uma possível válvula de escape para resistir a isso seria transfigurar experiências e acessar dimensões “transbinárias” da vida, em um equilíbrio entre o racional, o empírico e o emocional. Pela arte pode-se tentar, subjetivamente, romper tais bolhas padronizantes. Talvez por isso ela seja vista como uma ameaça (ao lado da ciência e da educação), uma vez que provoca disrupções ao olhar padronizado pelo consumo.

Busco pelo conceito de “transbinarismo”, à luz do pensamento de Edgar Franco (2021, p. 09-14), para refletir sobre possíveis saídas ao maniqueísmo intolerante e limitante que as redes podem provocar sobre os indivíduos (e, consequentemente, na sociedade), com intenções torpes de afastamento e consumo egóico.

Ao percorrer minhas zonas cinzas como autor dessas faixas, acesso arquétipos e toco diversidades de perspectivas, ampliando meu olhar sobre o outro e, consequentemente, minha empatia de forma mágicka, caótica, inconsciente. Além disso, é importante o contato com as sombras (JUNG, 2015), no intuito de integrá-las e compreendê-las como parte integrada, e não como algo externo a mim. Tais relações referentes ao autoconhecimento e autotransmutação são aqui cruciais, tendo em vista o acesso pela obra a questões minhas alocadas na obscuridade.

Trato, sobretudo, a respeito das complexidades humanas numa era de polarizações, onde esquece-se das nuances complexas presentes em todos os seres e evidencia-se os julgamentos e determinações maniqueístas totalitárias que o sistema coloca.

Vivemos uma era de pessoas tristes, presas em suas próprias telas e cheias de verdades absolutas. O pensamento crítico se torna raso em meio ao hiperfluxo de informação. Muda-se a percepção sobre o que é diferente, influenciando a atenção sobre a complexidade do outro, assim como do “si-mesmo”. Assim, aspectos típicos da psique humana são induzidos à negação (como as sombras, por exemplo), em uma estratégia de anulação de negatividades, o que gera ressentimento, ansiedade, intolerância, competitividade, entre outras consequências na sociedade. Por medo, por preguiça ou por falta de um tempo que nos escorre pelas mãos, deixamos de sonhar. E isso é grave, já que afeta nossos afetos.

A arte é um importante meio capaz de trazer representações de momentos sinceros, únicos, qualificados, qualitativos, materializados, aproveitados com intensidade rica e visionária, no prazer vivo da aura, do espírito, da potência, da vontade, do que toca e é tocado, transitando poeticamente pelas entranhas do analógico e do digital. A arte possibilita trafegar pela diversidade das “zonas cinzas” que o binarismo insiste em aniquilar enquanto terceiro elemento dessa tríade essencial ao pensamento. Quem sabe assim, a partir de diversas consciências coincidindo-se nesses contatos, gerar-se-ão mudanças nos hábitos e estilos de vida destrutivos solidificados.

Vislumbro na arte, na ciência e na educação os grandes pilares de transformação cultural. A configuração onírica e a expansão transmidiática do universo ficcional de MekHanTropia como transgressão contracultural, no sentido prático e lúdico do “pensar” e “juntar”, em combate à presente monocultura do sentir, amalgamada à hiperespecialização tóxica instituída a serviço do mercado.

Proponho aqui uma espécie de transbinarismo folclórico, híbrido e reverso, contra o conformismo linear teleológico maniqueísta digital. Talvez no âmago do que há de mais humano estejam as narrativas, uma vez que emulam vidas transbordando-as, e a transmídia, especialmente nesse sentido, ajuda a expandir ainda mais a representação dessa complexidade fragmentada.

Referências:
FRANCO, Edgar (a.k.a. Ciberpajé). Renovaceno. Brasil: Editora Merda na Mão, 2021.
HAN, Byung-Chul. Agonia do Eros. Petrópolis: Vozes, 2017.
HAN, Byung-Chul. No enxame – perspectivas do digital. Petrópolis: Vozes, 2018.
JUNG, Carl Gustav. Sobre sentimentos e a sombra: sessões de perguntas de Winterthur. Trad. Lorena Richter. 2ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2015.
JUNG, C.G. O Livro Vermelho (Liber Novus): edição sem ilustrações. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

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credits

released September 6, 2022

Ficha técnica do EP “(Vol. 2) INCUBUS”, a segunda parte do pesadelo psicobinário MekHanTrópico de Fredé CF:

Fredé CF: vozes, violões, baixo, percussão, samplers, sintetizadores, gritos, ruídos, gemidos, edições, mixagens, capturas, apropriações.

Edgar Franco: Arte da capa.

Canto incidental na faixa “Sangue Derramado”: áudio extraído de um vídeo que está no YouTube com o indigenista Bruno Pereira cantando ao lado de indígenas da etnia Marubo a canção “Kanamari”. Segundo Eliésio Marubo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, a canção conta a história do cuidado de uma arara com seu filhote. Fiz essa música como uma homenagem aos povos indígenas e a todes que atuam em movimentos de resistência contra a necropolítica genocida instituída no Brasil. Pela diversidade, pela cultura, pela arte, pela vida e pela esperança de tempos melhores.

Meu profundo respeito aos povos indígenas, a Bruno, Dom, seus familiares e amigos e todes que sofreram e sofrem com governos de morte e destruição. Ao ver o vídeo do indigenista Bruno Pereira e os indígenas da etnia Marubo cantando, fiquei bastante emocionado com a beleza e força da canção. Além do canto de Bruno com os Marubo, a faixa traz também falas torpes do genocida sobre a perseguição de ativistas no Brasil em função do mercado, do boi, da bíblia e da bala. (Fonte:
fatoamazonico.com.br/feliz-e-rodeado-de-indios-da-etnia-marubo-bruno-pereira-aparece-em-video-cantando-no-meio-da-selva-amazonica/ ).


Ouça também a primeira parte do Pesadelo, o “(Volume 1) SUCCUBUS”, em:

BandCamp: fredecf.bandcamp.com
YouTube: youtube.com/user/fredcfelipe

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Bons sonhos! 🔥

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Fredé CF Brazil

MekHanTropia é um universo artístico transmídia experimental DIY de autotransformação do artista multimídia, doutor em Arte e Cultura Visual (UFG), prof. de fotografia, artes e audiovisual, baixista das bandas Cicuta e Cão Breu, Fredé CF (Frederico Carvalho Felipe).

Dark-folk-eletro-punk-psicodelico de trincheira.

Site: mealuganao.blogspot.com

Vídeos: www.youtube.com/user/fredcfelipe
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