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Piranha Teeth

by Fredé CF

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1.
Estrelas não brilham Elas queimam De dentro pra fora Renovação constante Impermanência natural Força, coragem Navegar o mar da vida Em meio à névoa abissal O presente reluz do encontro Do passado e do futuro sem rosto Mergulho profundo em si mesmo Em silêncio Renascendo no olho do furacão Menos hipocrisias, mais afeição Que nos exalte a graça selvagem Experimentar a luz Integrar a sombra Sem mágoa ou perversidade Viver a vida com mais paixão Que cada ser Estrela Cósmica Mantenha acesa a chama própria A bela dança Esperança Na fluidez dos instantes Transmuta o que não tem mais pra si qualquer valor.
2.
It’s a hacker possession Makes you commit a crime There’s a kharma damnation From Other Spaces and Times Invading your body Sucking your soul Directing your brain They fuck you and go Monster Aliens projected They just hack your mind In others dimensions They define your life It´s like a demon inside you (out of control) High-tech Dreams suggestions (until your energy is low) It’s a hacker possession Makes you commit a crime There’s a kharma damnation From Other Spaces and Times You don’t think by yourself There’s no free will for all Something is happening Your “unconscious” they call It’s a shadow inside Your “persona” was designed A Master with their puppets Feelling, sensation and vibe Out of control (It´s like a demon inside you) Until your energy is low (High-tech Dreams suggestions) Quando o Lobo virou Cão Logo o Cão se tornou Homem E instaurou-se a depressão Para sair dessa condição O Homem deve abraçar toda a sua escuridão Ressurgindo-se então como Lobo Liberto da escravidão It´s like a demon inside you High-tech Nightmare suggestions.
3.
Sua alma veio me visitar Em meus sonhos E quando acordei Você não estava ao meu lado Vazio Sem ninguém pra abraçar Caminhos perdidos Sentidos Repartidos pelo mar Corpos alados Condenados Tão longe, tão perto No mesmo mapa que indica Passados, futuros Desertos Desencontro memorável Sem ter hora pra acabar Virtualmente habitados Mesmo esgotados pelo contexto Insistimos em dançar Fantasias mágickas conectadas Corações em delírio A alma liberta A aura aumenta A chama emerge Explosão Não quer se apagar O que foge ao controle (Des)controlado está.
4.
The Black Dog walks at night. Wake up!
5.
The heaviest tear is the one that doesn't fall The extinguished candle ends this ritual Only you will save yourself of life Look into your fears, now You don't know where to go To go Too slow Lying in the room Looking into space and time The target is the spirit What stops you breathing wild? In your soul Burning your soul Abysses of thoughts Fog into the night Darkly, to flow So soon In your mind, uncertain gold Can you find yourself in a joke?
6.
Como eu poderia saber? Meus olhos veem na escuridão Reencontros da vida Colheita tardia Repentina explosão dormir pelos sonhos deixar fluir no cálcio que vejo ao redor só silêncio é o que posso ouvir resistir pelas luzes viramos zumbis cabisbaixos com a tela em louvor no escuro tentar reexistir Esgotados …no Mundo dos Ossos… …no Mundo dos Ossos… …no Mundo dos Ossos… caminhar sem olhar pra trás no agora que a vida se desfaz o futuro está longe daqui …no Mundo dos Ossos… Mensagens, poesias Poltronas vazias Transgressora pulsação Sentindo seus dentes A pele latente Embrulhados pela escuridão O ar rarefeito Filtra os desejos Turva a visão Uma lágrima se anuncia Solitária rebeldia O que entristece é essa condição Sem jeito e sem asas Pensando em desgraças Encharcados de suor e paixão Sentir …no Mundo dos Ossos… (mekHanTrópico).
7.
Meu anjo, eu sei É duro esperar No chão Tudo terminar Pois continuar vivo Não é mais uma opção Fácil é virar pó Difícil é a lição Quem quer ser o novo campeão? Quem quer ser o primeiro a entrar? A fila dos bonitos é aquela de lá! Quem nunca dançou vai começar a sambar! Vai começar a sambar! A fila é aquela de lá! Vai começar a sambar! Pode ser que não Sobre nada em suas mãos Mas não vou dizer Agrados pra você Incerto é seu futuro O espertinho fez seguro E a sujeira que sobrou O fogo queimou Quem quer ser o novo campeão? Quem quer ser o primeiro a entrar? A fila dos bonitos é aquela de lá! Quem nunca dançou vai começar a sambar! Vai começar a sambar! A fila é aquela de lá! Vai começar a sambar!

about

O EP "Piranha Teeth" , de Fredé CF integra o universo ficcional onírico transmidiático de MekHanTropia, criado pelo autor durante o seu Doutorado em Arte e Cultura Visual pela UFG . No contexto da narrativa transmídia, o artista se expressa para além das fronteiras sonoras com um conto pós-mekHanTrópico [“A Jornada de Doktor Fritz em MekHanTropia”] e um artezine [“Pós-MekHanTrop(IA)”] , além de se conectar também com outros eventos situados neste universo ficcional.

No artezine intitulado “Pós-MekHanTrop(IA)“, Fredé CF trabalha com o conceito do mundo distópico de MekHanTropia devastado e revisitado por Elonions dissidentes após a hecatombe mekHanTrópica. No universo de MekHanTropia, o antagonismo parte, de fato, dos megabilionários tecnocratas que comandam os grandes conglomerados atuais. Estas figuras, chamadas como “Elonions”, são representadas como eram os reis-deuses do passado, ou seja, como entidades sobrehumanas com poderes ilimitados para reger os destinos de “meros mortais” (MekHanTropos) vivendo, em sua grande maioria, de maneira miserável e em absoluta servidão.
Os MekHanTropos foram cooptados pelo véu ilusório do consumo associado à felicidade, ao luxo e ao conforto artificial instituído enquanto discurso por estas forças ocultas regidas pelos Elonions, se tornando engrenagens de enriquecimento para esses megabilionários e se transmutando em fluxos máquinicos de Inteligência Artificial. Após deixaram o planeta em suas naves interespaciais, tentando fugir do colapso planetário decorrente de suas ações, alguns destes Elonions retornam por não conseguirem encontrar outro planeta habitável. Ao chegar de volta à Terra, se deparam com uma nova configuração repleta de clones deles mesmos criados pela IA. Esse novo mundo se apresenta como um lugar inóspito para a vida humana nos moldes anteriores.

Já o conto “A Jornada de Doktor Fritz em MekHanTropia”, narra trechos da resistência liderada por Doktor Fritz contra o sistema distópico de MekHanTropia. Com um grupo chamado “Agentes de Resistência”, Fritz (também conhecido como Tóhtshera Okwari), enfrenta o “MekHanTropo Supremo”, uma entidade holográfica adorada pelos Elonions, buscando a libertação do controle mekHanTrópico.
Guiado por visões oníricas em meio às sombras, Fritz mergulha em uma jornada de autoconhecimento e transcende as padronizações do status quo mekHanTrópico. Essa narrativa entrelaça mitologias, elementos cyberpunks e símbolos culturais, destacando a importância da resistência cultural e individual em meio ao domínio hipertecnológico institucionalizado, em busca da reconexão com a essência animal perdida.

As histórias pós-mekHanTrópicas do conto e do artezine se desdobram com diferentes personagens que habitam o cenário onírico distópico deste universo, se manifestando através de diferentes linguagens e mídias e se entrelaçando com as faixas do EP musical “Piranha Teeth”, o que cria uma narrativa multifacetada sobre a destruição da vida pela ganância humana e padronização do sistema. Tais histórias dialogam diretamente com a poesia e ambientações sonoras contidas no EP, todo criado e realizado pelo smartphone de maneira “do it yourself” (assim como todas as obras que integram o universo de MekHanTropia).
As faixas musicais servem como pontos de revelação narrativa, introduzindo elementos que se desdobram neste universo e integrando artisticamente o artezine e o conto ao universo onírico de MekHanTropia. Desta forma, os ouvintes/fruidores podem aprofundar-se nas camadas da história a explorar significados ocultos por trás das letras e melodias.
As faixas podem ser percebidas como situações reflexivas acerca dos eventos destas narrativas expandidas, cada uma contribuindo para a construção do universo de MekHanTropia. Contrastes entre o orgânico e o silício servem como pontes que conectam elementos, onde a crítica ácida à hipercompetitividade nas redes sociais e ao Binarismo Anticósmico são evidenciadas.

A capa do EP, por sua vez, assume um papel significativo na narrativa transmídia, refletindo visualmente a essência DIY anticomercial e estranha da obra, numa crítica aos padrões estéticos de beleza padronizantes.

Ao integrar elementos narrativos transmídia ao EP, Fredé CF convida os ouvintes a explorarem experiências para além do som, mergulhando em um conceito artístico mais amplo ao adentrarem a cosmologia onírica e distópica de MekHanTropia. Essa abordagem transcende a experiência auditiva, transformando "Piranha Teeth" em mais do que simplesmente um conjunto de músicas ordenadas, mas uma ramificação poética deste universo a ser mergulhada. Coloque os fones de ouvido, apague a luz, dê o play e clique nos links abaixo para mergulhar neste rio de silício. Tente relaxar. Sinta-se boiar. Cuidado para não sangrar!

Links para acessar as obras transmidiáticas:
- O EP musical “Piranha Teeth” está disponível em: fredecf.bandcamp.com/album/piranha-teeth-2 Acesso em: 04/02/2024.

- O conto “A Jornada de Doktor Fritz em MekHanTropia” está disponível logo abaixo ou em: mealuganao.blogspot.com/2024/01/lancamento-ep-piranha-teeth-jornada-de.html Acesso em: 04/02/2024.

- O Artezine “Pós-MekHanTrop(IA)” está disponível em anexo ao fazer download do EP ou em: mealuganao.blogspot.com/2023/11/artezine-pos-mekhantropia-de-frede-cf.html Acesso em: 04/02/2024.

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"Piranha Teeth (A Jornada de Doktor Fritz em MekHanTropia)"
Escrito por Frederico Carvalho Felipe (a.k.a. Fredé CF)

Próximo ao coração do sistema de controle de MekHanTropia, aonde as sombras dançavam ao ritmo das máquinas e a luz natural era apenas uma lembrança distante, Doktor Fritz liderou a resistência contra o sistema opressor. Em uma de suas incursões apocalípticas, Fritz ficou também conhecido como Tóhtshera Okwari.

Este nome lhe foi atribuído por Felipe Loup-Ulloak, último líder da resistência anti-mekHanTrópica, morto durante o período de expansão do Pesadelo PsicoBinário. O nome faz referências ao imaginário ancestral de um canídeo extraviado que não encontra abrigo, ar ou alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível. Sua etimologia traz uma fusão de culturas e uma ponte entre a sabedoria de diversos povos. Felipe Loup-Ulloak, em uma de suas viagens oníricas, recebeu uma visão deste canídeo e o associou à figura do parceiro de resistência: Doktor Fritz.

Por isso, como um gesto de respeito e consideração àquele amigo que morrera em seus braços numa das inúmeras batalhas que participou, Fritz se orgulhava deste renascimento orgânico afetivo em meio às feras circundantes de silício. Neste mesmo período, talvez um pouco antes, Doktor Fritz conheceu nas montanhas nevadas uma espiã bon vivant de origem ludovicense e catalã, cujo nome era inspirado em obras de um escritor russo que agora me foge à memória. Seu nome era Nastassia Fillipo e era especialista em línguas e trajes. Com uma missão pessoal cyberpunk de implosão do sistema de dentro para fora, ela o ajudou a enxergar a MekHanTropia por novas perspectivas transdimensionais, o que abriu caminho para a ampliação global da resistência.

Porém, aqui neste relato, o tratarei por seu nome de batismo original com a intenção de não propagar (ou parecer propagar) fake news desrespeitosas acerca de povos resistentes ou de quem quer que seja. Dito isso, acredito ser importante citar essa sua outra identidade, uma vez que pode haver alguma correspondência em meio aos resquícios do dataísmo mekHanTrópico que ainda persiste em nossa sociedade, além de trazer à tona uma curiosidade acerca desta figura importante ao imaginário Pós-MekHanTrópico.

Vamos então aos fatos: Em meio às ruas secas de concreto e fios de silício entrelaçados, Doktor Fritz carregava consigo, após anos de resistência, não apenas o conhecimento acadêmico adquirido através das IAs durante sua formação em Artes Ocultas Transbinárias, mas também algo transcendental ligado à divindade Azteca de "Tezcatlipoca": um espelho de obsidiana pendurado em seu pescoço, que visualizara em um de seus escapes oníricos pela Realidade Vegetal ascottiana. Ele buscava integrar ensinamentos dessa iluminação espiritual em sua jornada de resistência e autoconhecimento.

A resistência estava espalhada como fragmentos de uma realidade esquecida. Doktor Fritz liderou um grupo eclético chamado “Agentes de Resistência”, o qual cada um trazia suas próprias histórias e motivações. Entre eles, Fritz contava, ao redor de uma fogueira erguida durante uma noite fria (onde antigamente era conhecido como Monte Real), a lenda do Cão Breu: uma figura fantástica sombria anunciadora de tragédias e, ao mesmo tempo, catalisadora de uma jornada de autoconhecimento e transcendência.

A presença do Cão Breu tornou-se por eras uma metáfora para as sombras internas que abraçavam a MekHanTropia. Na narrativa oral do local de nascimento de Fritz, o Cão Breu representava a culpa e o remorso mas, em MekHanTropia, ele tornou-se um símbolo da resistência, um chamado para enfrentar as próprias sombras interiores e transcender os limites impostos pelo sistema.

Guiado pelos ensinamentos oníricos e impulsionado pela presença transbinária do Cão Breu, Doktor Fritz seguiu com a resistência para os recônditos mais profundos de MekHanTropia. Lá, enfrentaram o “MekHanTropo Supremo”, uma entidade holográfica criada pela IA e adorada pelos Elonions, desprovida de empatia e sedenta pelo controle total do sistema.

A lenda do Cão Breu ecoava como um mantra entre seu bando insurgente, incentivando os resistentes a olharem para dentro de si mesmos. Em meio à batalha, Fritz enfrentou seus demônios internos, suas sombras e hesitações. A lenda tornou-se para ele um guia, uma jornada rumo ao autoconhecimento, uma busca por transcender as amarras que o sistema imputou em sua alma e enfim reconhecer suas peculiaridades que o tornava único neste mundo devastado. A resistência finalmente desativou o “MekHanTropo Supremo”, desmantelando as engrenagens do controle com o fundamental auxílio também de "Supay", o Senhor do Submundo. A luz natural começou a filtrar-se pelas fendas da névoa cibernética, anunciando um renascimento mágicko.

Em meio aos destroços mekHanTrópicos, Doktor Fritz percebeu que a verdadeira resistência não era apenas contra as máquinas, mas também cultural e individual, uma jornada interior, uma busca contínua pelo autoconhecimento e pela transcendência integrativa das sombras. A lenda do Cão Breu, agora adaptada a um contexto de resistência, tornou-se a narrativa que inspirava não apenas a enfrentar o sistema, mas também sua própria alma cooptada.

Com dentes de piranha brilhando como faróis de esperança estampados nas bandeiras pintadas com sangue e óleo, a resistência à MekHanTropia persistia, guiada pela união de sabedoria ancestral, mitos transcendentais, viagens oníricas e a determinação de resistir à maquinaria da opressão. Uma curiosidade interessante é que esse peixe, típico do que antes era conhecido como Brasil, se tornou um símbolo importante contra o Pesadelo PsicoBinário. Os Agentes de Resistência incorporaram a piranha de maneira visceral, a partir da expressão tupiniquim “boi de piranha”, estabelecendo uma metáfora sobre o sacrifício de si mesmo para salvar o planeta do sistema mekHanTrópico. Neste caso, o boi seria a resistência. Já as piranhas seriam as máquinas e os próprios indivíduos cooptados mekHanTroporfizados, enquanto os dentes seriam os algoritmos podadores de sonhos em função da padronização sistêmica.

Todas as noites, os Agentes de Resistência olhavam para o céu ansiando pelas estrelas e sonhavam em um dia navegar pelos mares que outrora eram um santuário para a liberdade. O grupo imaginava a possibilidade de um dia explorar as vastidões celestiais e os oceanos, onde a humanidade poderia reencontrar sua essência perdida. Em um destes momentos, Fritz lembrou a todos que, apesar da MekHanTropia, a esperança residia internamente em cada um, uma vez que cada indivíduo traz consigo um universo único com suas próprias idiossincrasias, sonhos e aspirações.

Durante a infiltrada em território inimigo, Aila (a Inteligência Artificial aliada à resistência e especialista em hacking) mergulhou nas entranhas digitais dos códigos de MekHanTropia. Esse ato se tornou um terrível episódio high-tech, especialmente quando ela enfrentou programas de segurança avançados, cada um mais letal que o anterior. Cada linha de código binário era uma batalha contra as forças hipertecnológicas da MekHanTropia. Aila conseguiu quebrar o binarismo limitante dos “zeros” e “uns” e acessar as infinitas nuances e complexidades ocultadas pelo sistema. Essa ação anti-mekHanTrópica foi crucial para o início da libertação psíquica contra o Binarismo Anticósmico instituído nas mentes dos bovíduos mekHanTrópicos que não conseguiam mais sonhar.

No ápice da batalha contra o “MekHanTropo Supremo”, uma monstruosidade mecânica se ergueu como um Leviatã, o que gerou uma dualidade dentro da resistência. Porém, apesar de sua presença ameaçadora, o Leviatã estava tão distante em essência da humanidade quanto estava próximo fisicamente e, portanto, a luta contra essa máquina colossal era também uma batalha pela reconciliação com as raízes animais perdidas em meio às engrenagens de MekHanTropia, o que acabou por unir ainda mais os dissidentes em pról do chamado "Despertar".

O Agentes da resistência descobriram um refúgio secreto que foi intitulado como "O Gabinete". Este lugar era um santuário onde formas antigas de arte e expressão humana resistiam à homogeneização digital através da exaltação da criatividade. As paredes eram adornadas com pinturas, esculturas e manifestações de resistência contra a MekHanTropia. Era um lugar onde a verdadeira essência humana e a arte orgânica podiam prosperar fora das garras da tecnologia desumanizadora institucionalizada.

Durante momentos de perda e desespero, Doktor Fritz recordava uma antiga canção que ele chamava de "Ode às pessoas tristes". Essa melodia ecoava como um lamento pelos que foram perdidos na luta e como uma homenagem à humanidade que ainda pulsava na resistência, apesar das adversidades e da tristeza que cercavam essa jornada.

Enquanto o grupo avançava pelos corredores sombrios de MekHanTropia, Aila descobriu e alertou Fritz sobre certas fantasmagorias digitais que dançavam ao seu redor. Tais aparições os orientavam, como IAs desertoras, a enfrentarem os horrores das máquinas de controle. A linha tênue entre a realidade e a ilusão finalmente se desfazia, revelando os fantasmas do passado e os medos do futuro, em uma jornada onde a própria realidade se tornava então uma grande projeção fantasmagórica.

Contudo, como o grupo contava com instrumentos transbinários de proteção despertados pelos sonhos e incursões transdimensionais de seus integrantes, tais projeções foram tomadas como aliadas para o autoconhecimento coletivo e integração das sombras que ali circundavam.

Após a queda do “MekHanTropo Supremo”, Doktor Fritz encontrou ali um local bem diferente do que seus sentidos poderiam captar até então: um mundo repleto de ossos, que o remeteu às famosas catacumbas que visitara ao passear outrora pelo velho mundo com Nastassia. Tal lembrança despertou uma lágrima de saudades em seus olhos, algo que há tempos não acontecia.

Por entre as ruínas da MekHanTropia, descobriu ali vestígios da vida que servia como energia para as IAs condutoras do sistema. Esse lugar se tornou então um templo de renovação e reexistência, um marco zero da inaugurada era da Pós-MekHanTrop(IA), de onde a humanidade começava a reconstruir-se, lembrando-se de suas origens perdidas e, concomitantemente, reerguida agora sem o domínio completo dos algoritmos.

[Relatos do Acimador sobre MekHanTrop(IA), Ano Zero].

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Notas:

1) Na tradição asteca, a deusa Tezcatlipoca é frequentemente associada a este tipo de espelho. Tezcatlipoca é uma divindade complexa que desempenha vários papéis na mitologia asteca, incluindo o deus do céu noturno, da memória, da beleza e da reflexão. O Espelho de Obsidiana era considerado uma ferramenta mágica usada em práticas divinatórias e rituais religiosos. Acreditava-se que Tezcatlipoca usava esse espelho para enxergar o passado, o presente e o futuro, além de revelar verdades escondidas. Ele era um símbolo de introspecção, autoconhecimento e poder divinatório.


2) Sobre as 3 RVs, ver ASCOTT, Roy. Quando a Onça se Deita com a Ovelha: a Arte com Mídias Úmidas e a Cultura Pós-biológica, in: Arte e Vida no Século XXI – Tecnologia, Ciência e Criatividade, Diana Domingues (org.), São Paulo: Editora Unesp, 2003, p.273-284.

3) A lenda do "Cão Breu" é uma narrativa folclórica presente na tradição oral brasileira, especialmente em ambientes rurais e interioranos. Essa lenda varia em detalhes de região para região, mas geralmente envolve a figura de um cão negro, muitas vezes de olhos flamejantes, que é associado a eventos trágicos. A palavra "breu" etimologicamente remete à escuridão e à sombra, o que sugere uma conexão com a ideia de um cão sombrio ou demoníaco. Este cão é frequentemente visto como um presságio ou mensageiro, anunciando desgraças iminentes. A lenda muitas vezes é interpretada como uma personificação da culpa, do remorso ou de eventos ruins que estão por vir. O "Cão Breu" pode ser percebido como um ser misterioso e sobrenatural, relacionado a aspectos sombrios da psique humana. A presença desse cão na narrativa pode ser interpretada como um alerta sobre consequências negativas relacionadas a ações passadas ou como um símbolo de eventos trágicos que estão prestes a acontecer. É importante observar que lendas folclóricas podem variar amplamente, e diferentes comunidades podem ter suas próprias interpretações e nuances sobre a lenda do "Cão Breu".

4) “Elonions” é uma brincadeira poética, feita por mim, de aglutinação etimológica entre o primeiro nome do bilionário Elon Musk e a palavra em inglês onion (cebola), ambos geradores de lágrimas.

5) “Supay” é considerado como o “Senhor do Submundo” na cultura andina. Em MekHanTropia, há uma lenda que ele é o único ser que consegue exercer influências sobre o “Cão Breu”. Supay é um ser repleto de nuances e complexidades, especialmente quando surge nos estados imersivos da “Realidade Vegetal” por meio dos sonhos dos personagens (geralmente em pesadelos). Esse ser é fundamental para o equilíbrio de Gaia e orienta o Cão Breu acerca de seus “objetivos”, abrindo passagens transdimensionais (transmidiáticas) para essa criatura fantástica.

6) Segundo o professor Ari Riboldi, “o ‘boi de piranha’ é aquele que se submete ou é submetido a um sacrifício para livrar outra pessoa (ou grupo) de uma dificuldade ou da culpa.” Fonte: www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/o-que-significa-a-expressao-boi-de-piranha,9afccb0f8f70f0018f756c348d1b4f452vzon91v.html? . Acesso em 26/01/2024.

7) O termo/conceito poético “Binarismo Anticósmico” foi pensado pelo Ciberpajé. Disponível em: ciberpaje.blogspot.com/2021/10/veja-como-foi-se-voce-nao-acompanhou.html Acesso em: 26/09/2022.

credits

released January 28, 2024

Fredé CF: letras, vozes, músicas (violão, contrabaixo, sintetizadores, samplers, silêncios e ruídos) e narrativas transmidiáticas.

Grupo de Pesquisa Cria_Ciber (UFG)
F.Oak Transmedia
Janeiro de 2024.

Ouça em estéreo.

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Fredé CF Brazil

MekHanTropia é um universo artístico transmídia experimental DIY de autotransformação do artista multimídia, doutor em Arte e Cultura Visual (UFG), prof. de fotografia, artes e audiovisual, baixista das bandas Cicuta e Cão Breu, Fredé CF (Frederico Carvalho Felipe).

Dark-folk-eletro-punk-psicodelico de trincheira.

Site: mealuganao.blogspot.com

Vídeos: www.youtube.com/user/fredcfelipe
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